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    [#07] Treinamento / Update — NERO

    taurusnero
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    Mensagem por taurusnero Dom Out 11, 2015 3:20 am

    Diante da enorme caverna, com o sol lhe queimando os ombros desnudos e o olhar cansado e incerto enfrentando a escuridão daquele trabalho da natureza, Nero sentiu que talvez fosse incapaz de seguir adiante e aquilo o fez ter vontade de rir, por mais sem graça que a constatação fosse. Não era normal perceber-se com medo. Pelo menos, no passado Nero não se importava com isso. Viver ou morrer, aquilo não fazia diferença alguma para o taurino, já que fora criado como um instrumento de batalha, como um ser que lutava para fazer a diversão dos outros. Obviamente, crescera preparado para morrer, já que não havia outro caminho que pudesse seguir. Era o que acreditava, ao menos, mas surpreendera-se ao que saíra daquele local amaldiçoado e experimentara um pouco mais do que a vida reservava para si.

    No entanto, aqueles pontos positivos o fizeram uma pessoa mais fraca. Criar vínculos e metas era algo que o deixava extremamente feliz, mas fora o que o tornara apegado demais à vida, ao que tinha em sua posse. Fora o que iniciara em si uma explosão de sentimentos que outrora lhe eram desconhecidos, mas que, naquele instante, andavam lado a lado consigo, segurando sua mão e induzindo-o a agir de maneiras nada convencionais. O medo era um desses sentimentos, e ele quase o fez desistir de seguir em frente. Sua determinação não o permitia tal regalia, porém, então simplesmente continuou parado, fitando a entrada por mais alguns instantes.

    Enquanto o fazia, a mente o lembrou das palavras de sua irmã. Aquele lugar era o inferno, segundo o pouco que ela recordava da própria experiência. Lá não era possível escutar qualquer coisa, ver qualquer coisa. Mesmo que estivesse tocando o próprio corpo, era impossível sentir qualquer coisa pelo tato, não era possível sentir a textura de uma pedra sequer da enorme extensão rochosa. Não adiantaria farejar a saída, não adiantaria confiar em qualquer um de seus sentidos. O ambiente não permitiria que sentisse uma coisa sequer. Não haveria nada a que pudesse se prender, teria que confiar apenas na própria mente, e, se ela fosse fraca demais, era bem possível que acabasse perdendo a sanidade antes de chegar ao outro lado da caverna. Poderiam chamar aquele lugar de boca do diabo? Ao menos sentia-se prestes a entrar em um inferno. E, com um sorriso pequeno e cansado no rosto, questionou-se quem achara que entrar ali seria uma boa ideia.

    Aliás, Pwairu achara, segundo as informações que recebera de Órion. Sua irmã era a única pessoa em quem poderia confiar, principalmente quando o assunto envolvia algo espiritual. Diferente de si, ela possuía uma energia forte o suficiente para sentir onde a maior fonte de poder residia na região, e não demorou a pontar a caverna como morada da entidade que chamavam de "mãe". Lembrava-se dela comentando surpresa que o ser não havia se mudado, que havia entrado ali vinte anos antes para tentar conseguir o que precisava para vingar sua mãe e tudo de errado que o pai de ambos havia feito, mas acabara apenas com danos que não eram mais reparáveis. "A culpa não foi de Pwairu.", ela lhe contou em um tom pesaroso, "Eu não fui forte o suficiente, não fui digna".

    Não sabia se deveria seguir os dizeres do ditado "Rir para não chorar", mas tinha certeza que a risada que escapava de si vinha com intenção semelhante, já que não havia um pingo sequer de diversão dentro de si. Afinal, se Órion, que era uma pessoa mais evoluída espiritualmente, que tinha uma força física absurda e ao ponto de conseguir vencê-lo na maioria das vezes, não havia conseguido adquirir o poder oferecido por Pwairu, como alguém como Nero poderia fazê-lo? O que ele teria de vantagem em uma situação como aquela? Era regido pela constelação de touro, mas isso não o fazia melhor ou pior que qualquer outra pessoa, certo? Provavelmente tudo que lhe restava era se perder na caverna ou sair e não possuir mais suas capacidades mentais intactas. Mas o que podia fazer? Não tinha permissão para falhar com aqueles que esperavam algo de si. Não ignorara todos os avisos de sua irmã? Tinha que seguir em frente.

    Apertando a pedra que tinha presa ao pescoço, o guerreiro resolveu abandonar todos os seus pensamentos, tentou livrar-se do medo para dar alguns passos em direção à entrada. Não havia alertado Heike, não tomara o cuidado de se despedir dele e nem da criança que acolheram, nem de Órion, ainda que ela soubesse muito bem onde estava. Ela já havia visto aquilo de alguma forma. Fosse como fosse, a mulher não tentou impedi-lo quando saíra pela manhã, e tomaria aquilo como um motivo para seguir adiante. E foi o que fez.

    -

    Sentir. Precisava sentir algo imediatamente. Suas unhas... As unhas de Nero se afundaram em sua pele, raspando, buscando alguma sensação que pudesse mostrar que estava acordado, que não estava sonhando, que já não estava morto... Mas não sentia nada. Sequer tinha certeza se sua mão havia alcançado realmente seu braço. Talvez fosse o frio que tivesse lhe adormecido os sentidos, ou talvez estivesse buscando desculpas, já que não sentia realmente frio. Tentou virar o olhar, quis focar uma coisa que fosse, mas tudo que via era escuridão. Tentou andar de encontro a alguma das paredes, tentou sentir o corpo se chocando contra elas, mas parecia que elas nunca chegavam. Como poderia estar em algo tão vazio? Realmente havia adentrado a caverna? Não conseguia sequer acreditar nisso mais.

    Estava perdido, não estava? Não era possível estar ainda em um caminho depois de todas as tentativas em sentir qualquer coisa ao seu redor. Deveria voltar? Deveria tentar refazer seus passos para poder reencontrar o caminho? Tinha a impressão de que havia contado os passos. Eram cento e cinquenta para trás, talvez oitenta para a esquerda? E... Quantos para voltar? Já havia se desviado há muito tempo. Se voltasse acabaria mais perdido, certo? Poderia simplesmente continuar a caminhar e encontrar a saída mesmo assim. Deveria ter um pouco de esperança. Porém não conseguia, não havia como se sentir mais desesperançoso. Iria ficar perdido ali para sempre, jogado em uma escuridão sem fim e sem sequer ter como contatar alguém do lado de fora. Estava frustrado, muito mais consigo do que com a situação que vivia. Não podia simplesmente se deixar entregar, e em gesto impulsivo, pensou em bater o pé contra o chão, mas não soube se realmente realizara a ação ou se ela continuara perdida em sua mente. Não conseguia sentir nada sob seus pés.

    Precisava seguir em frente. Precisava ignorar não sentir a própria respiração. Precisava ignorar ter a certeza de que o corpo tremia, ainda que não sentisse realmente. Precisava ignorar a agonia que crescia em si por não conseguir absorver qualquer coisa pela audição, pelo contato de seu pé no chão do ambiente. Aquilo era assustador. Piscou, mesmo que não fizesse diferença alguma, antes de tentar esticar os braços diante do corpo... Não sabia se havia conseguido. Para alguém que vivera a vida dependendo de todos seus sentidos, aquilo realmente mexia consigo. Sua mente estava confusa, questionando todas as possibilidades em questões de segundos. Ou talvez não tão rápido. Não conseguia medir o tempo naquele local. Poderia estar há minutos ali, mas era como se tivesse passado uma vida. Poderia já estar morto e sequer saberia disso. Nunca saberia.

    Estava com medo.

    Não sabia se havia chegado ao próprio limite, já que se recusara a parar de caminhar, porém sentia que sua mente não aguentava mais. Gritou para ouvir nada. Chamou o nome de todos aqueles que talvez pudessem ajudá-lo, mas sua voz não saia. Não conseguia dizer qualquer coisa, não conseguia sentir qualquer coisa, não conseguia nada. Havia falhado, certo? E sequer poderia compensar a própria falha. Não se nunca conseguisse sair dali, e era o que parecia que iria acontecer. Já acreditava estar em uma espécie de inferno, onde ele viveria sozinho. De novo. Só que, daquela vez, para todo o sempre.

    ... Não queria aquilo.

    Sequer havia dito o que precisava dizer. Não tinha dito nada a eles ainda... Não havia contado a ele...

    Não queria aquilo.

    "Ora, ora, não sabia que um homem tão grande poderia ficar tão assustado por causa de um escurinho." Nero sentiu o corpo retesar e finalmente percebeu que estava seguindo com os olhos fechados. A certeza viera ao que ergueu as pálpebras e, pela primeira vez em muito tempo, conseguiu focar um feixe de luz... Não, uma bola de luz que quicava pelas paredes como se estivesse se divertindo por vê-lo chorar. E desde quando estava chorando?

    Sem realmente dizer uma palavra, o guerreiro ergueu as mãos ao rosto, tentando cortar o fluxo que lhe umedecia a expressão, incerto de como reagir diante daquela aparição estranha. A voz era feminina, reconheceu, quando voltou a escutá-la, ainda que o som parecesse mais ressoar em sua mente do que realmente por seus ouvidos. "Não chore, menino Nero, não irei te deixar morrer aqui." "Quem?", o citado se questionou, o olhar arregalado mesmo que ardesse, já que não estava acostumado a tamanha luminosidade. Ardendo... Estava sentindo. Escorregou a mão pelo próprio braço, constatando a textura da pele, a expressão moldada em uma mistura da mais genuína surpresa com um alívio tão intenso quanto jamais pensara poder sentir. A caverna repentinamente parecia quente, e muito mais com a risada divertida que invadiu sua mente. Ela estava zombando de si.

    "Ah, não, não estou zombando de você!", mais uma vez o taurino se surpreendeu, o olhar voltado à entidade que agora subia e descia e mexia de um lado para o outro, ainda parecendo feliz demais para algo que vive em um ambiente como aquele. Ela conseguia ler sua mente? "Sim, eu consigo!", a voz era orgulhosa quando respondeu sua questão mental, e aquilo o fez querer rir, mas se conteve.

    Quem...? O taurino começou, porém parou quase imediatamente ao que se assustou com o som da própria voz. Por pouco não a reconheceu, tão rouca estava. Era como se ela estivesse prestes a sumir em meio à dor que arranhava sua garganta. "Você fez um belo espetáculo aqui. Por pouco não te vejo passar, mas seus gritos me acordaram do meu sono de muitos anos." Ela emitiu um som parecido com um bocejo, então riu mais uma vez, Nero percebeu-se corar. Sentia-se realmente agindo como uma criança perto da entidade diante de si, e aquilo não era realmente confortável. "Você quer saber quem eu sou, certo? Acho que não é tão difícil descobrir... Vamos, diga meu nome!"

    Pwairu. A palavra escapara de seus lábios sem que sequer tomasse consciência disso, porém assim que a colocara para fora, seus olhos voltaram a se arregalar e seu corpo caiu ao chão imediatamente, em uma posição de claro respeito. Como demorara tanto a perceber aquilo? Agora que falara, parecia muito óbvio. Não era normal uma bola de luz quicar em um ambiente como aquele, muito menos falar, ainda menos com uma voz que parecia soar dentro de si. Era a grande mãe. Perdoe a minha insolência e perdoe-me por ter inva...

    "Vamos, pare com isso.", ela parecia irritada quando o interrompeu, "Olhe para mim, Nero.". O guerreiro não ousou desobedecê-la, mesmo que sua voz fosse tão suave quanto a tonalidade que emergia da luz. O que o taurino vira fora bem diferente do que esperava. Aos poucos, a bola ganhava forma, e ao invés de quicar de um lado para o outro, ela se apoiou em duas patas semelhantes a de touro, além de uma espécie de bengala adornada, dona de um desenho tão incomum quanto a aparência da deusa mãe de sua tribo. Ela era uma mescla de touro com pessoa, de ares tão gentis, que mais parecia alguém próximo a um ser de outro plano. Porém, não havia dúvida que não era uma criatura terrena, ao que a cada instante flores e plantas pareciam nascer da juba pouco convencional que ela possuía, o verde rodeando seu corpo para se perder instantes após e um novo ciclo começar. Seus olhos eram caídos, de aparência sonolenta, porém donos de um brilho incomum, quase como se ali vivesse uma criança, algo que Nero não duvidava ser possível. "Sou bonita?", ela questionou, rindo agradada em resposta à expressão admirada do taurino.

    No entanto, a expressão de Pwairu logo mudou, e de alguém agradável, ela se tornou séria ao ponto de doer o peito de Nero. Aquilo não era normal, era? "Eu sei o que veio fazer aqui, mas não sei se quero ajudá-lo.", por que?, "Não sei se está preparado, Nero. Você sabe o que aconteceu com sua irmã quando ela ousou demais. Você não se importa de ter o mesmo destino?"

    Nero respirou fundo. O que deveria fazer? Não poderia simplesmente mentir, dizer que não tinha medo, porque sabia que Pwairu já conhecia cada pequeno detalhe de si. Ela era a deusa para quem todos rezavam, o próprio Nero tinha o costume de fazê-lo mesmo estando tão distante da própria cultura. Ela sabia tudo sobre si. Ela sabia que estava com medo, mas também sabia que não poderia desistir. Por que questionava, então? O taurino piscou, erguendo o corpo para tentar fitar melhor a enorme entidade que o encarava de volta com uma seriedade sem igual - podia sentir os pêlos do corpo se arrepiarem diante da força daquela expressão -, e nada foi dito por longos momentos.

    "Sabe, Nero, você tem um problema que precisa superar se quiser que eu te ajude.", a voz escapou cansada após um suspiro, e o ser de luz abaixou-se, tentando diminuir a diferença de tamanho que havia entre ambos, agindo como uma mãe ao falar com seu filho pequeno. "Se você não conseguir me dizer o que precisa, você não conseguirá aguentar o poder da pedra."

    Nero não entendeu, mas Pwairu também não explicou. Os dois apenas continuaram a trocar um olhar demorado, cheio de um significado que o rapaz não conseguia realmente decifrar, e que o incomodou ao ponto de fazê-lo quebrar o contato. Sua desculpa fora encarar a pedra que estava presa em seu pescoço por um cordão improvisado, e a qual fez dançar levemente por sua palma ao que percebia a forma diferente com que ela brilhava na presença de Pwairu. Ele já a achava bonita de antes, mas parecia infinitamente mais bela naquele momento. Piscou demoradamente, então voltou a fitar o espectro da constelação, abrindo um sorriso calmo e envergonhado. Será que só precisava realmente dizer algo para que recebesse a ajuda que precisava? Não era tão bom com aquilo, mas resolveu arriscar.

    Pwairu. Eu preciso do poder da pedra para poder proteger a humanidade. Há algo de muito  errado acontecendo, e estamos todos nos esforçando para... Resolver isso. A entidade piscou e sua cabeça pendeu para o lado, como se ela estivesse esperando algo mais ser dito. Mais uma vez a face de Nero esquentou e a determinação fugiu de seus olhos por instantes, porém logo voltou, ainda que estivesse escondida pela forma como sua face caiu e sua atenção voltou ao chão. O que preciso dizer...? Não... Está certo?

    "Eu não quero ouvir o que está certo, Nero. Eu quero ouvir o que tem a dizer."

    Por alguma razão, Nero não sentiu dúvida alguma antes de recomeçar a falar.

    Eu quero proteger as pessoas. Eu... Eu quero ajudar meus companheiros, quero evitar que mais gente se machuque, não quero mais me sentir inútil quando precisarem de mim. Não quero que algo como da outra vez se repita... Não quero me sentir impotente, não quero ver meus ami... Os olhos do taurino subiram e desceram pelo ambiente, não sabia se aquela era a palavra certa. Havia se aproximado o suficiente para ela ser utilizada? Provavelmente não. ... Amigos, não quero vê-los feridos gravemente. Nem meus companheiros. Nem as pessoas próximas. Eu quero impressioná-los também... Quero que queiram... Se aproximar mais... Sua voz foi morrendo aos pouquinhos, ao que sentia-se culpado por um pensamento tão egoísta, e envergonhado por se expor de tal maneira. E eu quero poder ser sincero sobre meus sentimentos. O que aquilo tinha a ver com a pedra? Não sabia mais. Mas era como se tivesse apertado um gatilho estando descontrolado, resultando em tiros sem rumo aparente. Não conseguia se importar. Eu quero proteger quem é especial para mim.

    "E quem é especial para você?", Pwairu tinha um sorriso satisfeito no rosto quando voltou a falar com o rapaz, sua voz calma tentando estimulá-lo. No entanto, tudo que acontecera fora um Nero envergonhado ao ponto de querer desviar o olhar mais uma vez. Aquilo não era normal. Ele não costumava se expor daquela forma, não costumava se mostrar daquela maneira... Mas não conseguia evitar diante da entidade mãe. Meus companheiros...?! O taurino sequer precisou ouvir a voz de Pwairu pra sentir o julgamento reforçado por seu olhar estreito. Engoliu em seco, então, murmurando um nome que fez uma risada alta correr o ambiente, trazendo o guerreiro a se encolher no próprio lugar, sentindo-se mais exposto que nunca, e tão envergonhado que seu rosto parecia prestes a entrar em ebulição. Realmente sentia-se uma criança diante de sua mãe, e uma que adorava deixar seus filhos constrangidos.

    Por pouco não pediu de forma pouco educada para que Pwairu parasse de rir de si, em uma birra tão infantil quanto se sentia naquele instante. Era quase como se seu corpo tivesse perdido tamanho e não se surpreenderia se descobrisse algo do tipo, mas resolveu não buscar aquele conhecimento e simplesmente continuar a focar sua companhia com os olhos curiosos. O que aconteceria agora? "Muito bem, Nero! Era isso que queria ouvir.", ela começou instantes após, uma das mãos pousada na barriga, enquanto um tom divertido e levemente risonho ainda se fazia ouvir. "Irei te dar o que quer... Você está preparado?"

    Nero não respondeu com nada além do menear da própria cabeça, assentindo à questão da mãe de seu povo com um sorriso mínimo no rosto. Por alguma razão, o taurino conseguia sentir perfeitamente o receio nos movimentos e nos dizeres alheios. Era quase como se tivessem se conectado de alguma forma, e aquilo seria ótimo, se não fosse pelo excesso de sensações tristes que podia sentir vindo de Pwairu. Ela não parecia nada confiante ou contente em fazer aquilo, então tudo que restou ao rapaz fora tentar dar um mínimo de conforto a ela com sua expressão. Talvez aquilo tudo desse errado, mas... Haviam tentado, e tentaram por um bom motivo.

    Não soube se ela havia lido sua mente, mas em dado momento segurança pareceu transbordar da entidade, e uma sensação quente passou a habitar o ambiente, principalmente sua garganta. Um pedido de desculpas que demorou a processar e um desejo de boa sorte, para de repente sentir o ar ser cortado e uma dor muito forte rodear seu pescoço. O que era aquilo? As mãos de Nero subiram lentamente e seus dígitos tocaram uma superfície lisa que não deveria estar naquela região, ao menos não existia nada ali antes do encontro com Pwairu. A pedra? Ela estava fundida a si? Sim. E teve certeza quando algo nada convencional pareceu invadir seu corpo, como se coisas fugissem do que havia em seu pescoço e se espalhassem por cada parte de si, seguindo para os fios de cabelo, correndo até a ponta de seus dedos. O que era aquilo?

    Quis gritar, mas sua garganta parecia cada vez mais apertada, seu olhar correu de um lado a outro, buscando alguma coisa em que pudesse se apoiar e seu corpo pareceu dono de uma energia que ia muito além do que era aceitável. Seus olhos ardiam, e sabia que lágrimas corriam deles, por mais que não estivesse realmente chorando. Porém, havia alguém ali infeliz o suficiente para talvez fazê-lo. E quando sua atenção voltou a Pwairu, deu de cara com uma expressão que era puro pesar. "Agora só depende de você, Nero...", então antes que pudesse dizer qualquer coisa a luz se extinguiu e só restou o taurino e a escuridão.

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