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    [#13] Resgatando uma porta

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    Mensagem por Heike_Walker Qui Mar 12, 2015 2:26 am

    Heike, como vinha fazendo nos ultimo dias, se encontrava enfurnado no quarto de Zion jogando algo qualquer em um de seus consoles. Mal se lembrava a última vez que tinha ido para casa e ainda que Abel se mostrasse preocupado, estava acostumado com a ausência do loiro por dias seguidos.

    Não sabia dizer onde o ruivo estava naquele instante. Talvez estudando? Dormindo em outro lugar? Comendo? De que importava, afinal? Ele era um pé no saco. Um pé no saco que não estava deixando o ariano ir para o fundo do poço. Com seu jeito próprio ele distraía o mais velho de sua dor e era bom o suficiente para não ligar de verdade de sua presença por tantos dias seguidos. Sabia muito bem que provavelmente estava incomodando, mas mesmo que não fosse admitir só não queria ficar sozinho por muito tempo. Depois que ele e o maior quase transaram achou que ficaria desconfortável em sua presença, mas nada tinha mudado realmente. O babaca continuava apaixonado por Arthemis e ambos pareciam estar se resolvendo finalmente, enquanto o loiro ainda seguia com Nero na cabeça. Nero, Nero, Nero. Parecia até uma maldição que o perseguia.

    O pior de tudo era que não conseguia realmente passar por cima daquilo. Já tivera paixões diversas, mas aparentemente nada forte como aquilo que vinha sentindo pelo moreno. Será que era porque nem chegou a ter nada com ele, nem mesmo declarado e já fora rejeitado? Duvidava. Não era tão vadia quanto os amigos pensavam e na verdade o número de pessoas que já havia transado era relativamente pequeno para quem saía tanto. Então não era do tipo que realmente ligava se dava certo ou não. Pensar que realmente estava gostando dele era algo que o fazia grunhir, rolar no chão, querer quebrar os videogames a frente. Era chato, era insuportável, era lamentável. Na verdade já estava de saco cheio disso, de se sentir triste toda vez que via Nero feliz falando de sua paixão. De se sentir desanimado e ao mesmo tempo feliz toda vez que ficava perto dele. Aquilo era uma tortura e a paciência do loiro já estava no limite consigo mesmo. Se dar um tapa no próprio rosto e se mandar superar aquilo fosse resolver, com certeza já teria feito isso. Mas não. Pelo menos não estava mais chorando e se pendurando em Zion por aí para aplacar um pouco a carência e tristeza que sentia.

    Xingando pelo fone o retardado do amigo com o qual jogava online, se distraía de modo positivo ao que enfiava uma chuva de balas na cabeça de adversário após adversário, rindo maldoso a medida que causava uma chacina. Se gabava humilhando o resto dos amigos que compunham seu time, quando levou um susto e quase jogou a manete longe ao sentir o celular começar a vibrar no colo. Pausando a chamada e se escondendo no jogo, franziu o cenho pensando ser Abel pela décima vez aquele dia, quando viu "Filho da Puta" escrito no visor abaixo do número. Aquele era Nero. Arrancando os fones de ouvido da cabeça, levantou-se e foi até a sacada do quarto, o coração batendo acelerado no peito. Sentia-se enjoado só de imaginar falar com ele. Ao mesmo tempo que queria, também não sabia se ia ter saco para aguentar se ele começasse a falar de Rin novamente. Mas ouvir sua voz aquela hora da noite era tentação demais. Patético, pensou ao atender com má vontade.

    Mas acabou prendendo a respiração quando a voz que esperava ouvir estava estranha, quase como se ele estivesse.. Chorando? Nero, pausa, não fode. O que aconteceu? Perguntou ríspido, já ficando nervoso, o coração quase saltando pela boca. O imbecil ligava pra ele no meio da noite quase, com voz de choro e dizia que não sabia onde estava. Aquilo era alguma brincadeira? Heike ia quebrar a cara dele.Você 'tá bem!?
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    [#13] Resgatando uma porta Empty Re: [#13] Resgatando uma porta

    Mensagem por taurusnero Qui Mar 12, 2015 11:03 pm

    Fora somente escutar a voz de Heike para chegar à conclusão de que havia escolhido a pior forma de contatar o loiro. Deveria tê-lo mandado uma mensagem, ou ter buscado alguma outra maneira de se localizar, qualquer coisa que não fizesse a voz do amigo o questionar daquela maneira. E não sabia que tipo de poder a questão "Você está bem?" possuía, mas sentira um nó maior se formar na própria garganta, a vontade de chorar crescendo muito mais, mesmo quando estava se esforçando ao máximo para se conter. Foram sons engasgados que escaparam como resposta inicial, algo que indicasse que estava ali, mas que não mostrasse que estava chorando - ou ao menos tentava esconder aquilo, apesar de ter certeza de que já estava muito óbvio para o outro rapaz -, e isso até que cansasse e chegasse à conclusão de que apenas estava deixando o outro mais preocupado.

    Nero não queria que seu amigo se estressasse demais, principalmente por conhecer a personalidade do rapaz, porém também não conseguia deixar de ser sincero com ele, afinal, não gostava de mentir, muito menos para aqueles que possuíam sua confiança. Respirou fundo, como se aquilo pudesse lhe dar uma tanto qualquer de força, mas apenas se frustrou, já que a voz escapara em um tom baixo, desafinado, e claramente choroso. Eu... Vi algo que não me deixou muito legal. Estava em uma festa... Respirou novamente, tentando se segurar ao máximo. Só que não sei onde estou, e acabei saindo sozinho de lá... Não sabia o que fazer, então te liguei...
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    Mensagem por Heike_Walker Sex Mar 13, 2015 12:10 am

    Toda a tensão presente no corpo do jovem se dissipou a medida que ouvia o outro se explicar com a voz naquele tom choroso. A expressão do próprio ariano se converteu a uma preocupação triste, apesar de sequer saber o que tinha acontecido de fato. De alguma forma, doía ainda mais do que o resto todo que se obrigava a passar, ver Nero afetado daquele jeito.

    Eu vou te buscar. Disse ríspido, apesar de decidido. Você não sabe mesmo onde está? O bairro pelo menos, ou alguma indicação.. Qualquer coisa ajuda. Completou enquanto andava pelo quarto, apoiando o telefone no ombro com a cabeça para ter as mãos livres para calçar as botas. Mas você é simplesmente um imbecil, que tipo de pessoa vai pra uma festa sem sequer saber onde é e ainda me faz a burrice de sair sozinho? Sério, Nero. Eu vou chegar aí arrebentando sua cara, seu escroto. Resmungava com um tom mais ameno e preocupado já que não estava mesmo com raiva, apenas falava da boca pra fora o que vinha a mente num modo de talvez distrair o outro. Heike não sabia lidar com esse tipo de coisa, muito menos em relação ao cara que gostava, de todas as pessoas. Tenta achar um lugar que não seja tão vazio, ok? Sei lá, um posto, uma lanchonete, qualquer coisa. E me diz também o que houve pra te fazer dar uma de retardado mental, porque eu sei que você é mais inteligente que isso. Disse por fim, terminando de se ajeitar e saindo do quarto feito um furacão em direção a própria moto parada perto da porta da casa.
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    [#13] Resgatando uma porta Empty Re: [#13] Resgatando uma porta

    Mensagem por taurusnero Sáb Mar 21, 2015 12:46 am

    Não...! O tom de Nero escapara levemente exasperado ao que ouvira o outro dizer que iria buscá-lo. Não queria que o amigo o visse com aquela expressão horrível, com os olhos vermelhos e nem a face inchada, mas tinha a impressão que ele sequer se daria ao trabalho de ouvir sua negação. E não se impressionara ao escutá-lo continuar a falar o que quer que fosse, sem se importar com sua súbita negação. Respirando fundo, e tentando se acalmar, murmurou uma concordância qualquer aos xingamentos direcionados a si. O loiro estava certo mesmo, não importava quem o visse naquela situação, qualquer um acharia o índio a criatura mais estúpida do mundo... E sentia o mesmo sobre si. No entanto, tentou não pensar muito antes de deixar claro que não fazia a mínima ideia de onde estava, e que tinha ido com alguns amigos de carro, então não prestara muita atenção no caminho... Não achara que acabaria saindo do local às pressas, no fim das contas.

    Escutara, então, o outro lhe pedir para explicar o que havia acontecido, e, naquele instante em específico, sentiu-se petrificar, deixando apenas o som da sua respiração - desregulada por causa do choro - se fazer ouvir do outro lado da linha. Por um motivo óbvio, não sentia-se muito à vontade para reproduzir o que havia visto. Aquilo o incomodava, muito, e imaginava como seria precisar reviver e confimar para si o que havia presenciado. Desconfortável, no mínimo. Porém, sabia bem que não adiantava deixar o outro esperando sua boa vontade, ou não falar qualquer coisa para Heike. Ele instiria até o fim dos dias, e, muito provavelmente, se irritaria consigo se fizesse rodeios desnecessários. Engolindo em seco, o moreno ergueu o corpo do banco em que estivera sentado até então, os olhos buscando qualquer sinal de um estabelecimento aberto, enquanto caminhava a passos lentos. Sem jeito, imaginou como começaria a dizer o que precisar, mas, por fim, resolveu que seria mais fácil falar o que acontecera de uma vez... O loiro provavelmente entenderia sem que precisasse entrar em maiores detalhes. Harold e Rin estavam... Juntos. E o outro não precisaria ser nenhum gênio para entender o que "juntos" significava no tom dolorido e desgostoso de Nero.
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    Mensagem por Heike_Walker Sáb Mar 21, 2015 2:49 am

    Parou diante da moto por um momento para prestar atenção no que ele dizia, segurando a vontade de agredir ele que sentia para se acalmar. Ele estava bem, só triste. E perdido. E sozinho. De madrugada. Se xingando mentalmente, ajeitava-se em cima do veículo até que precisou parar para entender a ultima coisa que o outro havia revelado em seu tom doloroso.

    Espera, Harold? Harold Wilhelm? O albino desgraçado que é meu amigo? Perguntou descrente, tentando fazer a cabeça funcionar ali. Sim, ele tinha comentado em algum momento que sairia com os amigos da faculdade, mas o ariano sequer dera atenção. E é claro que era o mesmo, só havia um Harold que ele e Nero, e Rin, conheciam em comum. Grunhindo como um animal, Heike sequer esperou uma resposta alheia. Tá legal, vou dar um jeito de chegar aí. Aquieta essa bunda em algum lugar que eu possa te ver e vê se não dá mole, tu é grande, mas essa cara de imbecil te denuncia. Disse ríspido, hesitando por um momento. Eu.. Já vou chegar.. Qualquer coisa, me liga de novo. Terminou com mais suavidade, desligando e suspirando audivelmente antes de voltar a se irritar, discando o número do amigo de cabelos brancos. Sequer perdeu tempo tentando exigir explicações assim que o outro atendeu, só disparou uma série de ofensas para cima dele enquanto exigia o endereço da festa. Honestamente não queria nem tentar entender, não agora que precisava resolver aquilo. Conseguindo o que queria, desligou na cara dele e colocou o capacete antes de dar a partida na moto. Felizmente o endereço não era muito longe, apesar de afastado do centro, era num bairro relativamente próximo e poderia pegar alguns atalhos, então não demorou para estar pilotando em velocidade máxima pelas ruas escuras e desertas, derrapando sobre o asfalto molhado e provavelmente acordando todos por onde passava.

    Poucos minutos depois virou em uma rua um pouco mais larga e iluminada onde havia um pouco de comércio, ainda que fechado a essa hora, e avistou uma silhueta grande caminhando lentamente pela calçada. Nero. Na velocidade em que estava acabou passando dele, então virou-se numa guinada violenta e foi até onde ele estava, parando alguns passos a frente. Tirando o capacete, respirou pesado e o fitou de cima da moto, tentando não parecer preocupado com a expressão abatida que ele exibia. Hey...
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    [#13] Resgatando uma porta Empty Re: [#13] Resgatando uma porta

    Mensagem por taurusnero Seg Mar 23, 2015 11:09 am

    Poderia responder ao outro afirmando ser o mesmo Harold que ele conhecia, mas preferiu ficar quieto. Tinha certeza que ele havia entendido, afinal, não era como se fosse falar o nome de uma pessoa aleatória ao mais novo, e, tinha certeza, não conhecia nenhuma outra pessoa com o mesmo nome do albino... Harold. Somente precisara pronunciar o nome do rapaz para sentir o estômago revirar, em uma sensação tão ruim quanto um soco direto no mesmo. Sorte fora não ter conseguido se prender ao sentimento desagradável por muito tempo; Heike disparara a falar mais uma vez, fazendo questão de ofender Nero da melhor maneira possível, antes de se pronunciar com um tanto mais de suavidade, algo que fez um sorriso breve passar pelo rosto entristecido do moreno. Não era como se já não soubesse, mas o loiro apenas mostrava que realmente estava preocupado consigo... Talvez estivesse exagerando em sua tristeza? Não era nada além de um coração partido. Algo que já esperava...


    No entanto, por mais que não estivesse muito contente consigo ou com a situação em que se metera, não podia fazer o outro retroceder. Se lembrava bem, Heike era de áries, e, do pouco que sabia de astrologia, ele parecia fazer juz à parte impulsiva de seu signo. Suspirou, esfregando as mãos grandes pelo rosto, tentando deixar a aparência um mínimo melhor, enquanto caminhava sem um rumo aparente. Tinha a impressão de que passava pelas ruas de um comércio, mas de nada adiantava aquilo: estava tudo fechado.

    Sorte - ou não -, fora não precisar esperar muito. Antes mesmo que buscasse um canto para se sentar, acabou escutando o barulho alto dos motores da moto alheia, o automóvel passando direto por si em uma velocidade assustadora, mas que logo diminuiu ao que ele voltava; e Heike agora estava dentro de seu campo de visão. Um olhar pesado fora lançado ao mais novo, o corpo tenso parado pouco distante ao alheio, enquanto o silêncio seguia inquebrável de sua parte. Se via incapaz de dizer qualquer coisa ao amigo, afinal, o que poderia falar? Estava com uma cara péssima, claramente marcada por lágrimas e sabia que seus olhos estavam vermelhos. O fato já havia sido exposto e se sentia realmente desconfortável sendo visto daquela forma. Sequer conseguia entreabrir os lábios para pronunciar um cumprimento educado, afinal, sentia-se prestes a chorar de novo. Heike havia ido ali para si, e aquele era motivo suficiente para sentir os olhos umedecerem levemente.

    Suspirou, desviando o olhar para o asfalto úmido, a mão sendo pousada no braço oposto, em um gesto claro de desconforto e constrangimento, antes que, por fim, conseguisse expor a voz em um tom baixo e rouco. Oi...
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    [#13] Resgatando uma porta Empty Re: [#13] Resgatando uma porta

    Mensagem por Heike_Walker Seg Mar 23, 2015 1:53 pm

    A aparência do taurino era péssima. Seu cabelo estava desarrumado, sua calça molhada em algumas partes, seus olhos estavam um pouco inchados e a marca das lágrimas era bem óbvia mesmo na pouca iluminação que a rua tinha. Vendo-o tão machucado e hesitante, com vergonha da própria dor, o jovem sentiu o coração afundar no peito num misto de pena, preocupação e mesmo simpatia.

    Mordendo o lábio inferior de leve, saltou do veículo e deixou o capacete nele sem perder tempo algum para ir até o amigo e o envolver num abraço forte, praticamente se jogando contra seu corpo. Sabia muito bem o que ele sentia naquele momento, toda a decepção e desilusão de ter os sentimentos recusados daquele jeito. Na verdade, devia ser pior ainda já que ele tinha visto na sua frente a pessoa que gostava se esfregando em outra, quase logo depois de terem passado uma noite juntos. Sim, aquilo era muito pior. Parecia até traição, ainda que eles não tivessem nada de verdade. Você é um idiota. Sussurrou num fio de voz, apertando um pouco mais os braços ao redor de seu pescoço enquanto subia a mão até os fios escuros, acariciando-os com calma. O puxava para baixo um pouco, mantendo-o firme contra si, podendo sentir sua respiração e o ritmo de seu coração, sentindo seu perfume e se acalmando um pouco. Sabia que não tinha nada que falasse que realmente deixaria ele melhor, mas poderia ao menos tentar consolar ele um pouco. Vai ficar tudo bem, ok? Isso.. Vai passar. Por algum motivo dizer aquilo parecia hipocrisia da própria parte quando se mantinha tão pessimista quanto a própria situação, mas não conseguia suportar ver ele tão mal.
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    [#13] Resgatando uma porta Empty Re: [#13] Resgatando uma porta

    Mensagem por taurusnero Ter Mar 24, 2015 5:34 pm

    Sabia que Heike estava ali para ajudá-lo, sabia que ele estava preocupado e que era um bom amigo, porém não havia se preparado mentalmente para como o outro demonstraria seu cuidado. Fora quase involuntário dar um passo hesitante para trás ao notar o mais novo se aproximar, no entanto, não se moveu demais, e não deu margem para que ele pudesse perceber sua tentativa singela de escapar; afinal, apenas tinha medo do que poderia acontecer tendo ele tão próximo a si.

    Sentir a quentura do menor era confortável, a forma carinhosa como era envolvido pelos braços alheios, ainda que as palavras viessem em agressões às quais já havia se acostumado. Naquele instante, chegava até a sentir-se agradado por escutá-lo dizer aquilo, como se os dizeres lhe comprovassem o apoio que recebia. Porém, por mais agradável que fosse sentir os carinhos, o jeito caloroso do menor, sua forma de tentar acalmá-lo e fazê-lo sentir-se melhor... Nero não sabia como reagir ou como evitar cair novamente, algo que realmente não queria fazer na frente do loiro. Pena ter sua resistência quebrada pelo som da voz do amigo, novamente escapando e para lhe assegurar que tudo ficaria bem, que tudo iria passar... E suas lágrimas novamente escorreram por sua face, descontroladas pelo excesso de emoções que teimavam em fugir de uma única vez. Era quase como se tudo de ruim que carregasse tivesse sido disparado para fora com o estímulo daquelas palavras, e de um jeito tal, que sequer conseguia se reconhecer soluçando alto daquela forma.

    As mãos do índio foram as primeiras partes a se moverem em sua tentativa de retribuir o contato, apertando o tecido que cobria as costas do corpo menor, puxando-o contra si como se aquela fosse a solução para toda a tristeza que sentia, como se Heike fosse sua salvação; e, no momento seguinte, fora sua cabeça que abaixara, de forma que pudesse esconder o rosto no ombro alheio, molhando a camisa que ele vestia com as próprias lágrimas. E não conseguia parar, não conseguia se conter, não conseguia sequer raciocinar. Talvez aquele fosse o momento de por tudo para fora; e nunca imaginara mostrar tamanha fragilidade para alguém fora sua irmã. Mas estava tudo bem. Heike era especial.
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    [#13] Resgatando uma porta Empty Re: [#13] Resgatando uma porta

    Mensagem por Heike_Walker Qua Mar 25, 2015 1:30 pm

    Heike ficou estático ao que sentia o tronco ser agarrado com aquela força pelo maior, preso entre aproveitar o contato e sofrer junto a ele. Nunca haviam se abraçado e por mais que o contato significativo e íntimo, seu cheiro, seu calor, a sensação de ser envolvido e de estar junto de quem amava fosse lhe deixar feliz e mesmo calmo, no momento estava tendo que se controlar para não ter uma crise de pânico. Aquilo não era sobre si mesmo. Era sobre Nero, um Nero que soluçava e molhava sua blusa em lágrimas grossas de tristeza e decepção.

    Queria poder fazer alguma coisa, no entanto não havia nada a ser feito realmente. Assim, o apertou com ainda mais firmeza como que para mostrar que estava ali, ele não estava sozinho, e fechou os olhos com força, tentando não pensar em como estava sentindo exatamente o mesmo, tentando evitar as lágrimas que brincavam nos próprios olhos.

    Reprimindo tudo no peito, deixou que o moreno tivesse a oportunidade de colocar para fora toda a mágoa e ficou em silêncio por um longo tempo, fazendo um carinho leve em sua nuca, distraindo-se.

    Porém o tempo passava e a madrugada ficava mais fria, sendo possível ver a neblina e cerração os envolverem lentamente. Preocupado, suspirou e o apertou mais um pouco. - Nero... Vamos sair daqui, ok? Você tá sem blusa e vai acabar ficando doente.. - Murmurou, quebrando o contato de forma hesitante ao se afastar um passo. O fitou de forma triste, tentando um pequeno sorriso ao tomar a liberdade de erguer as mãos até seu rosto, limpando suas lágrimas com cuidado. - Você quer ir lá pra casa? Não precisa ficar sozinho hoje.
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    [#13] Resgatando uma porta Empty Re: [#13] Resgatando uma porta

    Mensagem por taurusnero Dom Mar 29, 2015 1:51 am

    Provavelmente havia chorado muito além do que lhe era possível, e tinha extrapolado os próprios limites, já que, em dado momento, não fazia mais do que manter os braços ao redor do corpo menor, buscando continuar a aproveitar o conforto que não sabia ser capaz de tirar de Heike. Sentia os braços do loiro apertarem a si, sentia seu corpo quente o consolando, assim como os toques em seus fios, que serviam perfeitamente ao seu propósito, já que Nero se sentia relativamente mais calmo. Porém, ainda estava constrangido. Muito mais que anteriormente aliás, já que não conseguia ter um pingo sequer de coragem para erguer a face de seu esconderijo. Mantinha-se ali, sentindo o ombro alheio sob sua testa, os olhos abertos focado na escuridão, tentado a manter-se confortável por mais algum tempo...

    No entanto, não demorou para que os corpos se separassem junto aos dizeres de Heike. Seus olhos - muito inchados, provavelmente -, ergueram-se um mínimo, focando a face do outro por instantes, antes que desviasse o olhar para o chão e concordasse silenciosamente. As mãos do menor cuidavam de limpar suas lágrimas, e aquilo fazia seu estômago se revirar levemente, em uma mistura de sensações que não sabia como descrever, apesar de ter a certeza mais pura de que estava grato; muito grato pela presença do loiro. Porém ele tinha razão, estava ficando muito frio, e, apesar de antes não ter percebido, sentia o próprio corpo tremer levemente, em uma reação involuntária à brisa gelada que não parecia querer cessar. Piscou, focando o outro, ainda silenciosamente, antes de responder ao convite com o tom baixo, sem jeito. Eu quero... E por mais que estivesse envergonhado, sabia que estar com o outro era a melhor opção naquele instante.
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    [#13] Resgatando uma porta Empty Re: [#13] Resgatando uma porta

    Mensagem por Heike_Walker Dom Mar 29, 2015 3:34 am

    Continuou fitando o moreno por um momento, sorrindo minimamente ao receber a confirmação que precisava, então terminou de limpar suas lágrimas e deu um tava leve em seu rosto. Agora, chega disso ok? 'Cê é grande demais pra ser viado assim. Brincou numa provocação leve, segurando sua mão e o puxando até a moto sem pressa, ignorando o acelerar do próprio coração por aquele gesto simples. Era difícil não ficar ligeiramente nervoso e excitado ao sentir a mão grande e quente do outro contra a própria, então antes que tivesse ideias idiotas como entrelaçar os dedos, soltou e pegou o capacete, empurrando-o meio bruto contra o peito do amigo. Coloque isso, e nem pense em negar. Rosnou sentindo um pouco de vergonha, então apenas deixou ele se virar enquanto subia na moto, dando a partida e esperando. Quando ele se ajeitou atrás de si, ignorou qualquer pensamento imbecil da própria parte e respirou fundo, partindo para a própria casa. A própria moradia era um pouco mais longe e como não iria correr tanto agora que estava acompanhado, em cerca de meia hora estavam chegando na residência. Vivendo com o padrasto que era reitor da universidade, o rapaz tinha uma boa condição, mas nada que chegasse aos pés da casa dos melhores amigos. O condomínio fechado tornava as ruas tranquilas e seguras, então o loiro não se preocupou em parar a moto dentro da garagem, afinal não queria acordar Abel. Assim tomou a liberdade de segurar a mão do moreno novamente, se aproveitando um pouco da situação, e o puxou para dentro de casa.

    Mas foi dar dois passos para dentro da sala que deu de cara com quem preferia evitar. Abel se encontrava encolhido sobre uma poltrona no escuro em frente a tv, uma caneca em mãos e a expressão sonolenta que logo se iluminou num sorriso afetuoso quando viu Heike. Para então franzir o cenho em estranhamento ao ver Nero um passo atrás de si. Er... Oi pai. Não sabia.. Que 'tava acordado. Murmurou meio sem graça, olhando para o moreno e então suspirando. Esse aqui é meu amigo, Nero. O loiro mais velho estreitou o olhar levemente para o mais novo e este em seu lugar apenas arqueou as sobrancelhas numa expressão exasperada e irritada, como se dizendo para ele não perguntar nada por agora.

    Boa noite, rapazes. O homem cumprimentou após um momento em silêncio, oferecendo um sorriso contido para o visitante. Heike sabia que provavelmente ele estava irritado achando que o ariano tinha aprontado ou ia aprontar alguma, mas agora não daria nenhuma explicação a ele. Que bom que resolveu voltar pra casa, Heike. Mandei arrumarem seu quarto essa manhã. Ele avisou de antemão para que Heike não reclamasse como de costume que não achava nada em seu caos organizado que chamava de quarto.

    Ah, valeu. A gente tá cansado, então.. Tamo indo deitar. Disse simplesmente, apertando a mão do amigo e o puxando na direção da escada sem dar tempo de ninguém falar mais nada. O outro não estava exatamente bem e o loiro imaginava que não fosse confortável socializar a essa hora com gente desconhecida, principalmente naquela condição. Finalmente no próprio quarto, o rapaz trancou a porta e bufou pesadamente, sorrindo pro amigo. Desculpa, não sabia que ele tava acordado. Você.. Quer comer alguma coisa? Eu posso te fazer um café ou sei lá.. E você pode tomar um banho também se quiser. Disse apontando com a cabeça para a porta na parede ao fundo que dava para o banheiro, jogando as chaves em cima da mesa e tirando o casaco de couro. Felizmente o lugar estava arrumado, mas ter Nero ali no próprio quarto estava deixando o ariano um tanto nervoso e por isso falava sem parar. Apesar de que eu não sei se alguma roupa minha vai caber em você. Mas se você quiser só deitar também, fica a vontade... Ou então nós podemos ver algum filme, ou...
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    [#13] Resgatando uma porta Empty Re: [#13] Resgatando uma porta

    Mensagem por taurusnero Sáb Ago 22, 2015 8:09 pm

    Talvez a presença de Heike fosse extremamente revigorante, porque no momento em que sentira o tapa leve em seu rosto e os dizeres divertidos do rapaz menor, não conseguiu evitar deixar um sorriso pequeno despontar em seus lábios, e sua voz escapar em um tom baixo - ainda afetado por tudo que ocorrera anteriormente -, porém um tanto divertido. Mas eu sou viado, Heike. Não teve tempo de receber sua resposta, já que antes que percebesse, seguia arrastando pelo menor até o local onde sua moto se encontrava. Quis bater no loiro quando ele jogou o único capacete em sua direção, mas se dignou a apenas mostrar a expressão mais feia que possuía naquela noite - o que não deveria fazer muito efeito junto à sua expressão abatida -, antes de posicionar o objeto por simplesmente não querer que o outro ficasse irritado consigo quando já fazia tanto para ajudá-lo. Seguia indiferente à vergonha de Heike, tanto por não saber dos sentimentos alheios, por tudo estar escuro, quanto por estar alheio a qualquer coisa enquanto se posicionava atrás do corpo menor, os braços firmemente presos ao redor de sua cintura.

    O moreno não percebeu o tempo que levaram para chegar na casa de Heike, assim como não conseguira pensar muito durante a meia hora de caminho que gastaram para lá. Seu olhar estava meio perdido, focado nas luzes que passavam por ambos, no vento gelado que batia contra o pouco do seu corpo que não era protegido pela anatomia alheia, na sensação de movimento. Tudo o fez levemente zonzo, porém de forma positiva, não se sentia mais tão abatido quanto antes, ainda que não estivesse em condições de negar a mão que o arrastava mais uma vez e o levava para o conforto que o livraria de vez daqueles pensamentos desagradáveis. Ele ficaria bem, e teve certeza ao que olhou as costas de Heike em meio aos passos decididos característicos do rapaz.

    No entanto, sua desatenção fora quebrada no momento em que percebeu que havia alguém na casa alheia, finalmente se dando conta que deveria ter questionado anteriormente se causaria algum incômodo e se Heike morava com alguém. Não era nada bonito de sua parte aparecer com aquela expressão de cão que tomara chuva na rua, sem ter algo em mãos para oferecer a quem quer que morasse ali junto com o menor. Não era educado. E foi por tal desespero que acabou perdendo a expressão do loiro mais velho, que acabara perdendo o diálogo entre ambos e que acabara perdendo o momento de se apresentar, cumprimentar e pedir desculpas pela invasão. Acabara apenas como a mais perfeita estátua, o que, com toda a certeza, provavelmente parecera muito menos educado do que a falta de algo para entregar ao dono da casa.

    Somente se deu conta do que acontecera quando ouviu a porta o quarto de Heike se fechar, e quase morreu de constrangimento ao que focava o menor desatar a falar. Não entendeu metade do que fora dito, já que na primeira oportunidade entreabriu os lábios de forma nervosa e deixou seus pensamentos escaparem. Heike, eu... Eu não cumprimentei... Um suspiro pesado, o correr dos dedos da destra pelos cabelos e um sorriso pequeno foram sua forma de continuar o que iniciara a falar, mas ao notar que de nada adiantaria levantar aquele assunto mais. Já havia sido nada educado, aquilo não mudaria se descesse desesperado para gritar um boa noite ao homem que os recepcionara. Tomaria apenas o cuidado de acalmar o amigo, crendo que o nervosismo que ele demonstrava vinha do fato de acabar parecendo estar fazendo algo errado ao levar Nero para seu quarto. Estou bem. Mas você parece nervoso. Não se preocupe, depois eu posso explicar que não fizemos nada de errado ao... Seu pai?! Tentou confirmar, incerto.

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