GERAL (Planeta)
Nave Mãe. Ela foi criada com o fim de abrigar todos os habitantes do local – exceto os que tem sua própria tribo e terra, e equivale a um continente. Contudo, a Nave Mãe é dividida por:
• Central; Ocupando 2/3 da Nave Mãe inteira, a Central agrupa um grande número de cidades, onde a população de cada uma possui suas diferenças étnicas e culturais, assim como a base de cada cidade era há milênios antes desse tempo. Monumentos conhecidos são as marcas de cada uma delas, que são “réplicas” mais organizadas e evoluídas das grandes cidades da humanidade terráquea. São centenas e em sua maioria são megalópoles com uma grande organização, advinda não só das influências superiores do Conselho Supremo, mas como também da política de cada uma. Porém, preservam – por toda a tecnologia fornecida pela Nave Mãe – o clima e características naturais de forma artificial, como forma de também preservar a cultura de cada lugar replicado.
• Principal; Onde é habitada pelo Conselho Supremo, a fim de concluir pesquisas e prezar pelo bem da população, vegetação e outros, relacionados ao povo e ao planeta.
• Elementar; Onde é habitada pelos doze guerreiros, regidos por suas constelações correspondentes. Existem quatro naves elementares, uma correspondente a cada elemento de três signos. Elas ficam ao redor da nave Principal e, quando não há missão, são ligadas à ela por meio de corredores.
— Existem tribos associadas a pequenas terras, fora da Nave Mãe.
—
Área de perigo. Quanto mais afastada nas naves a região, menos vigiada pelo governo da Nave Mãe ela é. O governo aconselha que, se a população opta por ficar em terra firme, que habite nas regiões próximas a Nave Mãe, onde o auxílio (em todas as áreas) é mais fácil e o acesso também, assim como prezaria a própria vida do povo. Afastando-se um pouco, a vigilância das áreas se torna menos reforçada. Depois, o acesso é permitido desde que se tenha em mãos a autorização do Conselho e uma assinatura própria, concordando com os termos e responsabilizando-se por isso. Contudo, nas áreas restritas, o local não é mais vigiado e o auxílio não é dado. Cada local possui um clima diferente, e um varia muito do outro; de uma extremidade do planeta, terras gélidas e temperaturas baixíssimas, quando a outra é completamente o oposto, com temperaturas elevadas e uma enorme variedade de ecossistemas.
GOVERNO
A forma de governo da Nave Mãe diz respeito apenas a ela. O Conselho Supremo age como uma organização para a união das nações. É formado a partir de porta-vozes de países unidos por blocos culturais, com semelhanças em suas formas de governo e interesses sociais. Dentre os representantes, há sempre um ex-regente, em nome do Exército Militar. Todos são eleitos por votos do povo de cada local e o governo não interfere nas decisões militares, assim como o oposto. O Líder do Conselho Supremo responde em nome das decisões finais tomadas pelo mesmo.
HIERARQUIA GERAL
As pessoas recebem influência cósmica das constelações. Esta, pode ser medida por determinados meios e separada em níveis que variam de 1 a 5. Pessoas com uma influência muito baixa da Constelação que as regem, são enquadradas no nível 1 e oposto, no nível 5. De acordo com esta distribuição, faz parte de requisitos padrões de inscrição para os testes dos Regentes, estar entre os níveis 4 e 5 de influência cósmica. Esta sincronia com determinada Constelação, vai definir o quão bem o possível regente vai receber a energia que flui pela pedra que é entregue posteriormente.
• Líder;
• Conselho;
• Regentes Zodiacais: São selecionados a partir de testes rígidos, que consistem não somente em avaliações físicas e psicológicas, mas como também incluem combate direto. A eliminação de vários candidatos pode incluir, ou não, suas respectivas mortes.
Para cada Constelação, os testes se diferem, assim como as habilidades dos Regentes são diferenciadas graças aos seus aspectos únicos;
• Exército: É composto de uma hierarquia centralizada, onde os cargos mais altos são ocupados pelos Regentes Zodiacais. Cargos menores obedecem diretamente suas ordens e são distribuídos para cada guerreiro por Constelações menores, sempre subordinadas às doze principais e separadas pelas quais possuem mais afinidade com suas respectivas constelações;
• Polícia: Tem uma forma de organização militar parecida, entretanto, com níveis de influência cósmica de seus oficiais inferior aos dos guerreiros do Exército militar;
• Educadores e agentes de saúde;
• Trabalhadores;
• Estudantes.
OS GUERREIROS – INÍCIO
Até então, os signos das constelações a seguir fazem parte dos Regentes:
1. ♈ Áries, a força;
2. ♉ Touro, a obstinação;
3. ♊ Gêmeos, a comunicação;
4. ♋ Câncer, a maternidade;
5. ♌ Leão, a grandeza;
6. ♍ Virgem, a perfeição;
7. ♎ Libra, o equilíbrio;
8. ♏ Escorpião, o ímpeto;
10. ♐ Sagitário, a filosofia;
11. ♑ Capricórnio, a ambição;
12. ♒ Aquário, a revolução;
13. ♓ Peixes, a sensitividade.
Cada um possui seu objetivo e, de acordo com suas personalidades e poderes regidos por cada constelação, todos se completavam.
ENERGIA
Entidades de cada uma das constelações sempre existiram naquele planeta. Os humanos, quando chegaram ao que seria seu novo habitat, notaram a existência dos seres divinos. Ao contrário de muitos que passaram por lá, aceitaram a coexistir com aquelas presenças. Como agradecimento pela atitude dos novos moradores do planeta, os espíritos os presentearam com uma oferenda que simbolizava a grandiosidade de cada entidade. Pedras que originalmente se localizavam no local onde a maior energia de cada um se concentrava, sendo portanto, uma grande fonte de poder.
Estes pequenos artefatos tinham o poder de canalizar a energia das entidades das constelações, fazendo de quem as usasse extremamente poderoso. Como o Governo que os recebera, cuidavam para que apenas os dignos – nomeados de regentes, a maior segurança que possuíam – as recebessem.
Quando a pedra é vinculada ao regente correspondente à sua constelação, ela não pode ser utilizada por mais nenhum outro que tente possuí-la. A energia canalizada por ela é única, que se conecta harmoniosamente com o guerreiro compatível, permitindo que o mesmo utilize sua força a seu bel prazer. Seja com uma arma, ou com magia.
Atualmente, após o encontro dos regentes com o espírito das constelações, estas pedras foram incrustadas em seus corpos, tornando-se diretamente vinculadas e conectadas a eles.
Existem três tipos de energias, que são distribuídas de acordo com quem nasce debaixo de cada constelação específica:
— Longa Distância (Sagitário, Capricórnio, Gêmeos e Câncer);
— Curta Distância (Áries, Touro, Aquário e Escorpião);
— Magia (Leão, Virgem, Libra e Peixes);
Quanto à magia, todos os magos tem controle sobre o próprio elemento. Suas funções são divididas em:
• Fogo ➧ Poder de ataque e magia destrutiva; Manipulação do calor para efeitos curativos por cauterização; Influencia a energia geral dos companheiros de forma positiva;
• Terra ➧ Poder de cura física/regenerativa e controle de terra/minerais;
• Ar ➧ Controle do elemento, incluindo gases e seus diferentes efeitos na atmosfera, além de poder voar; Manipulação de ondas sonoras; Desaceleração do envelhecimento e aumento do desempenho muscular de acordo com alterações no oxigênio do corpo;
• Água ➧ Poder de cura espiritual e controle total da água.
O RENEGADO
As Constelações Zodiacais. Suas energias eram quase tão antigas quanto as dos próprios conceitos de criação e destruição. Criadas de uniões de estrelas na vastidão do cosmo, e abençoadas pelas deusas que regem o equilíbrio do mesmo. Seres com poder inimaginável a qualquer pequeno habitante dos trilhões de planetas existentes na escuridão, que habitavam corpos celestes favoráveis à suas residências. Paliggenesia não era uma singularidade entre bilhões, como os seres posteriormente abençoados naquela terra vieram a acreditar. Mas era forte o suficiente para cada uma das treze passasse a habitar uma região diferente. Cada uma com sua força, observando cada ano, cada século, cada milênio. Cada milímetro de infinidade daquela parte do universo. Cada criatura que passava por lá.
Não poderiam imaginar que uma delas, recém chegada, seria o fim da harmonia que compartilhavam entre os treze seres milenares.
Tinham cedido uma mínima parte – que para os que a recebiam, era grandiosa – de seus poderes àquela raça. Àqueles que aceitaram coexistir com as entidades espirituais, sem qualquer questionamento. Os pequenos mortais usaram estas parcelas de poder para a própria proteção. Para que os maiores protegessem a existência de um todo. E assim foi, por um período de tempo que, para algo que existia além de um conceito tão simplório, não passara de alguns momentos. Porém, fora tarde até que percebessem a ambição que alguns da raça humana poderiam ter. Para que um tentasse destruir a essência de uma das Constelações que lá habitava, apenas para o próprio ganho. Da Constelação que o regia. Que o dava força.
O último regido pelo Serpentário fora quem o destruíra.
Kain Grimbald.
Um renomado cientista e pesquisador, que botava as pesquisas que fazia acima de qualquer interesse mundano. Alguém que conseguira a posição de regente apenas para ter acesso a materiais e informações que ninguém mais teria, mesmo sendo o posto de mais difícil obtenção no exército. Evitado pelos demais, e contente no próprio isolamento, já que outros seres humanos apenas o atrapalhavam. Este era o homem regido pela constelação de Serpentário, com o mesmo poder obtido por diversos antes dele.
O afastamento tornava possível que relatórios fossem falsificados sem maiores suspeitas, ou deixados incompletos. O medo instigado pela própria aura do Serpentário era o suficiente para que não tivessem a coragem necessária para perguntar. E as autoridades, desde que tivessem certeza de que ele estava realizando a tarefa para a qual estava lá – proteger os cidadãos – não questionavam a natureza das pesquisas. Estas, viriam a ser perigosas e mudar o andamento do mundo que conheciam, envolvendo áreas obscuras em que poucos daquela raça se atreveram a explorar. Alguns, por considerarem tabu. Outros, por respeito às entidades com que coexistiam, e que os deram poder. Experiências eram feitas com a própria raça, e com outras à sua volta. Mas o foco principal de Kain, naquela época, eram as estrelas. E como obter um poder maior do que de todos que conheciam.
Em uma de suas buscas, encontrara uma teoria curiosa. Algo que conectava duas dimensões paralelas, por meio de um buraco negro em que entrava energia, e um buraco branco, onde a mesma saía. Era chamado de “Buraco de Minhoca”. Até mesmo a luz era inevitavelmente atraída aos buracos negros, o que a fazia sair do outro lado. Focando nesta suposição e por acreditar ser possível transformá-la em algo palpável, anos de tentativas se passaram até que o Serpentário conseguisse, enfim, um resultado. Um mais extraordinário do que até seus cálculos anteciparam. Conseguira prever em que dimensão estaria um buraco branco, de acordo com a localização de um negro. E, o mais importante…
Conseguira converter o poder absorvido pelas fissuras para si próprio.
Mas para toda ação, existia uma reação, e consequências por incorporar um poder tão grande não poderiam ser subestimadas. Se um desvio de caráter já era notável naquele homem, a característica passou a se aprofundar de forma cada vez mais obscura. Se existiam limites para suas pesquisas, estes já eram completamente ignorados. Havia começado a destruir estrelas de constelações menores, para testar os poderes absorvidos e analisar como uma perturbação nos astros afetaria quem usufruía dos mesmos. Se fosse apenas isto, não seria um problema para Kain. Todavia, o potencial caótico absorvido também não era aceito pelo corpo, já que em sua infinidade, não fora feito para ser assimilado em grandes quantidades por um ser humano. Para não se destruir e ser capaz de continuar a usufruir da exímia força que conseguira, o regente começara uma nova série de pesquisas.
Melhoramento genético.
O que melhor do que seres vivos aos quais pudesse transferir uma pequena parte do poder absorvido, apenas de forma que pudesse estabilizar as próprias quantias de energia estelar? Experimento atrás de experimento. Pessoas que não resistiam. Clones que serviam apenas como uma válvula temporária de escape, mas que no fim, morriam por não conseguir equilibrar o DNA do serpentário, junto à energia transferida. Ninguém sabia. Ninguém notava. Projetos obscurecidos e favorecidos pela falta de monitoramento. Tal liberdade deu espaço para que as tentativas continuassem, e Kain conseguisse permanecer vivo. Retorcido. Poderoso. Inigualável. Até que sequer aquele poder era o suficiente. Até o momento em que pousou o olhar em algo maior, que tiraria o tênue equilíbrio do universo, conquistado pelas Constelações.
Afinal, era o próximo passo natural, se o foco era a obtenção do poder das estrelas. Se os pequenos aglomerados que absorvia o proporcionavam uma imensa quantidade de uma energia singular, o quanto a própria constelação, tão intimamente ligada a quem regia, poderia prover? Como em todos os projetos anteriores, o objetivo deste também foi conquistado. Estrelas da constelação de Serpentário foram destruídas sem qualquer remorso, resultando em buracos negros que tiveram a energia canalizada diretamente para Kain.
Desequilíbrio.
A constelação demoraria anos para restaurar a via que sempre tivera. E com a fuga de Kain, o posto de regente de Serpentário chegara a um fim. Uma ínfima consequência para os humanos, considerando o desequilíbrio universal que se seguiria. Considerando a brecha feita na barreira que as Treze Constelações, unidas, formavam. Que trancavam nada menos do que a deusa da destruição.
Lilith.
Kain não sabia daquela consequência em particular. Não estava em seus cálculos, sendo algo apenas conhecido pelas próprias estrelas, com o tempo de vida muito maior do que o que qualquer raça havia atingido. No entanto, ela surgiu, diante de quem havia a libertado, trazendo a promessa de caos para o cosmo. E junto àquilo, um agradecimento ao antigo regente de Serpentário, por tê-la libertado. O que dera a ele fora nada menos do que a capacidade de um mero corpo humano servir como um buraco branco. De ter a energia diretamente voltada para si em sua integridade, ao invés de pegá-la por um método indireto. Ele poderia ter a energia de qualquer buraco negro. E, para que aguentasse aquele fardo, a deusa também o dera resistência, ainda que não por completo. Era divertido para Lilith o ver alguém se destruindo com o que tanto almejava, afinal.
Com isto, além de se tornar ainda mais poderoso – possivelmente o mais forte naquele astro – era de suma importância que a pesquisa genética continuasse. Que Kain achasse uma válvula definitiva para que seu corpo não degradasse, e conseguisse continuar suas pesquisas. Em um teste, decidiu transferir o próprio DNA, já afetado pela absorção constante de uma energia maior do que poderia aguentar, de forma convencional. Escolheu especificamente uma família que sabia que possuía uma influência na segurança do planeta, já que seus membros sempre eram escolhidos para o posto de regente; e nesta, forçou a reprodução com uma mulher, gerando uma criança com seus genes. A única falha neste método fora não ter total controle ou monitoramento da nova vida. Contudo, ela herdara a energia. E a aguentara, já que era propriamente um ser humano, já nascido com um código genético específico. Havia a possibilidade de não funcionar para todos, o que é claro, fazia mais testes serem necessários.
Em um esconderijo próprio, havia uma liberdade maior para o homem aprisionar quantas mulheres quisesse, usando-as apenas para cópula, e as crianças nascidas, para testes. Entre diversas falhas e sucessos, conseguira válvulas definitivas de escape. Seres que poderia monitorar o crescimento e controlar, e que não definhavam com a energia, como os clones mais próximos do sucesso que obtivera antes. Com estes triunfos, pôde voltar a experimentar com outras criaturas, desta vez implantando as energias de estrelas mortas nas mesmas. As falhas eram descartadas em vilas e cidades ao redor do planeta, enquanto aprimorava cada vez mais o poder de cada ser com que testava.
O antigo Serpentário almejava cada vez mais poder, voltando-se apenas para aquele fim. E poderia obtê-lo, fazendo o que desejasse com aquele planeta, e tudo à volta dele. Não deveria existir ninguém que teria capacidade para impedí-lo.
GAIA E LILITH
Quando se fala em harmonia, é comum lembrar de sinônimos de alegria, paz e satisfação. É algo que alimenta esperanças nos corações de quem quer que ouça e conforta seus pensamentos, fazendo-os imaginar fantasias sobre uma realidade utópica, mesmo que falsa. Mas que seria gratificante se fosse verdade. É apenas uma palavra, mas ela significa muito para quem a ouve e passa a significar mais ainda para quem se iluminar com o que ela representa. Entretanto, a harmonia, representando a felicidade, por si só não serve para este mundo, onde tudo se equilibra. Onde tudo se anula.
Quando se fala em caos, é comum lembrar de tragédia, tristeza, medo e pânico. Situações que fogem de qualquer controle, que não podem ser evitadas e que geram apenas desespero e mais desespero em qualquer um que as presencie. Tanto quanto a morte, o caos é um tabu em que poucos ousam parar para entende-lo e tentar compreender para que ele serve. É apenas mais uma palavra. Tanto quanto a harmonia.
Mas ambas possuem muito mais a oferecer do que mera felicidade ou tristeza, mera esperança ou medo.
Regras.
É ilusório pensar que os conceitos de harmonia e caos se anulam apenas por positividade e negatividade. São significados maiores que não são regidos pelo equilíbrio, mas o contrário.
O equilíbrio é regido por tais conceitos.
Em um Universo em que tudo nasce, tudo muda, tudo morre para então nascer novamente: quem pode ser o responsável por manter esta ordem tão simples e tão firme desde tempos que não se pode provar se existiram, de tão antigos? Ou quem sabe, o próprio tempo não está abaixo de tais panos. Onde não se sabe de início ou de fim. Onde nada termina, nada começa. Onde nascimento e morte são apenas a pequena parte formada por um ciclo jamais percebido?
A harmonia e o caos podem explicar a origem destes conceitos tão distantes.
Gaia e Lilith.
As deusas que representam tais conceitos. As deusas que regem o equilíbrio do Universo e de tudo que há nele. As deusas responsáveis pelo tempo, pelo espaço, pelas regras onde tudo existe. Gaia, a deusa da harmonia. Lilith, a deusa do caos. Num Universo onde tudo se anula; branco e preto, água e fogo, luz e escuridão, estas deusas representam exatamente o que elas regem.
Equilíbrio.
Antes de possuírem estas formas, estas duas entidades já foram uma só. E era isso que elas representavam com um todo. Mas enquanto o equilíbrio não pode ser sustentado por um centro, uma balança deve ser obedecida. E esta balança resultou na divisão destes dois lados opostos. Gaia e Lilith são deusas irmãs, responsáveis por cada galáxia, cada estrela, cada vida de cada planeta, cada célula de cada vida.
A harmonia, esta que acredita que as regras mantêm os acontecimentos em seus devidos lugares, o tempo-espaço perfeitamente delineado e entrelaçado, a inexistência de coincidências; onde tudo é como deveria ser e já foi planejado que seria. Este é o real significado de Gaia. O tecido perfeitamente costurado, onde sua própria existência representa o imutável, as perfeitas engrenagens entrelaçadas do Universo.
Lilith por sua vez, como uma existência oposta e agora separada de quem uma vez já fez parte de si, deveria obedecer sua própria essência. Enquanto responsável por uma parte do equilíbrio compartilhado por Gaia, Lilith não é apenas a representação da desordem. Mas da mudança. Afinal, se a harmonia é sustentada pelas inalteráveis regras, o caos nada mais é do que mudança.
A energia que acometia Lilith, ao finalmente se deparar em uma situação que ia contra o cerne de sua própria existência, naturalmente foi espelhada em absolutamente tudo que era regido pelas duas deusas. O ciclo de morte e nascimento sendo desesperadamente alterado sem razões aparentes, em espécies de todo tipo e de todo porte, espalhadas por toda e qualquer dimensão no Universo. Taxas de mortalidade e natalidade desequilibradas, gerando extinção de espécies e mesmo o surgimento de outras completamente inesperadas. Planetas destruídos, buracos negros chocando dimensões, galáxias que não deveriam existir simplesmente nascendo da extinção de outras mais. Tudo começava a responder à confusão de Lilith, que finalmente começava a compreender sua própria função como entidade primordial. Porém, enquanto a forma como a deusa dimensionava a noção do que realmente representava e espelhava isto em tudo ao seu redor, Gaia não conseguia compreender qual era a razão para as coisas estarem se divergindo tanto, se ainda estava fazendo tudo exatamente da mesma forma. Ela não tinha mais como entender sua irmã. A criação inusitada era desencadeada da destruição igualmente sem nexo, dando uma nova perspectiva de quais eram as funções das duas deusas.
A balança pesara para um lado a mais. O equilíbrio foi quebrado. As regras foram desobedecidas. O verdadeiro caos nascera.
Mas a solução era simples na mente da deusa. Se descobrir que aquele mundo não poderia mais ser sustentado pelo que representava, então poderiam muda-lo para que fosse. Afinal, mudança era a chave para Lilith. Mas Gaia, seu oposto, teve sua própria resposta. Ao perceber que sua irmã estava mudando, que sua irmã estava querendo mudar tudo à sua volta, que a representação de Lilith não era ser complementar a si... Gaia entendeu sua própria existência, por sua vez. Gaia entendeu que se não podia ser complementada por Lilith, seria apenas anulada. E vice-versa. Pois estas eram suas regras. E nada seria mudado enquanto Gaia existisse.
O conflito das duas deusas foi obviamente percebido por entidades menores e treze delas se uniram para tomarem uma providência com a situação, antes que suas próprias existências fossem dizimadas. Suas energias vinham de constelações espalhadas, mas que compartilhavam semelhanças entre si. Eram espíritos antigos. Oniscientes, habitavam todo o universo, cedendo poder a formas de vida que julgassem dignas. Abençoados pelas duas deusas primordiais, as conheciam bem o suficiente para entenderem a situação.
As Treze Constelações Zodiacais: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Serpentário, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes.
Estes espíritos perceberam o quanto Gaia havia se revelado tirana, enquanto tentava a todo custo equilibrar as ações de Lilith, sendo esta sua forma de tentar combate-la indiretamente. O que ela era não lhe permitia pensar pelo lado da outra deusa e enquanto Gaia mantinha a ideia de que o Universo não deveria ser mudado, mal percebia o quanto só estava piorando as coisas para os outros seres sem tanto poder.
Aumentando o peso de Gaia na balança, as Treze Constelações se uniram à ela para pôr um fim na rebeldia de Lilith, que também se negava a abdicar do que acreditava. Extinguir a existência de um espírito do calibre das deusas primordiais era simplesmente impensável, então a solução que deram à Gaia foi trancafiar Lilith em uma dimensão isolada, em um plano onde só ela residisse. E nada mais. Sua influência como ser não seria atingida, mas ela não teria mais o livre arbítrio de mudar regras pré-estabelecidas numa dimensão que não participava mais. Assim foi feito.
Entretanto, Gaia jamais perceberia que ser separada de tal forma de sua irmã, de seu oposto, da sua outra metade, lhe deixaria igualmente incapacitada. A deusa da harmonia entrara em um sono profundo e tudo o que restou foi a verdadeira intenção das Constelações em prenderem Lilith e adormecerem Gaia. Elas se tornaram as responsáveis por manterem a dimensão que separava a deusa do caos fechada, servindo como um verdadeiro portal eternamente trancado, enquanto tais entidades existissem.
Sem mais conflitos, sem mais destruição. Tudo poderia funcionar como sempre funcionou, então. E que elas permanecessem assim.
Pelo tempo que pudessem permanecer.