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    [#29] Desculpas Zithemis

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    Mensagem por Arthemis W. Qui Jul 02, 2015 7:19 pm

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    [#29] Desculpas Zithemis Empty Re: [#29] Desculpas Zithemis

    Mensagem por Zionga Qui Jul 02, 2015 11:50 pm

    Zion tinha muitos motivos para não sair do quarto, não falar com ninguém e todas essas coisas de gente normal. Havia meio que sido uma das causas principais da merda toda, quase o cara que puxa o gatilho no próprio pé sem perceber. Só que o gatilho que ele tinha puxado era bem pior. Não se podia provocar Harold, todos sabiam disso, mas o ruivo nunca tinha tido grande consequências com a personalidade do irmão. Ao menos até o momento, que acabou também fodendo tudo de uma vez.

    Provavelmente havia perdido a amizade de Heike, seria realmente rejeitado pelo amor da sua vida agora e é... Boa cara, só faz merda.

    Mas pelo menos agora ele tinha um óculos charmoso meio Harry Potter da vida, só que ainda assim era charmoso. Vai que dava pra pular a janela com uma mala, fugir e tentar mudar a personalidade. Virar aqueles cantores hipsters de bar... Okay, talvez não, já que ele era surdo. É, fugir não era uma boa ideia mesmo. Nunca ia dar certo, sem contar que, não teria jeito. Zion realmente sentia que aquele era seu lugar, mesmo que fosse uma bagunça, que todos no momento se odiassem. E já que ali era seu lugar, teria que tentar ajeitar a besteira que fez, ou ajudou a fazer.

    E pra começar bem as desculpas, tinha que ir direto à mais importante. Tinha que começar com a Arthemis.

    Levantou da cama depois de bastante tempo ali, já estava sendo quase absorvido pelo colchão, porém conseguiu a façanha. Ainda de pijama – que felizmente não era do bob esponja ou coisas assim, era um normal bonitinho até – tomou rumo ao quarto da irmã.

    Chegou a perceber a presença de Heike no local. Fato esse que fez o ruivo retornar pro quarto num reflexo rápido, mas aparentemente ele estava em outro cômodo, lá embaixo. Ser surdo às vezes era realmente um problema, ficava difícil saber essas coisas, isso quando conseguia saber.

    Mas no fim a aventura acabou sendo bem sucedida, ou parte dela. Havia conseguido chegar até o quarto de Arthemis, entretanto não conseguia tanta coragem para bater. Ficou um tempo ali entre ajeitar o óculos que escorregava um pouco pelo nariz – já que mantinha a cabeça baixa – e cerrar o punho para tentar bater na porta. Não sabia distinguir se passava coisa demais na sua cabeça ou nada, já que não conseguia se concentrar num simples ato. Entretanto o problema maior não foi ficar ali tomando coragem, podia passar o dia todo ali se não fosse pelo simples fato da albina abrir a porta antes dele tomar iniciativa. E foi o que aconteceu.

    Zion não teve muitas reações, mas todas elas foram um tanto exageradas com o movimento da porta e a imagem da mais velha ali, de frente pra ele. Era quase como ser pego em flagrante. Deu um quase pulo pra trás, numa tentativa de correr e se esconder, só que o tempo de reação não fora o suficiente para isso. Os olhos, vish... Estavam quase tão redondos quanto os óculos novos. Mas no fundo, as reações duraram pouco e foram substituídas pela falta de jeito.

    — E-... Eu vim desculpa... — Disse embolado como sempre, passando a mão na nuca, entre os fios alaranjados em forma de nervosismo. Mas sabia que Arthemis iria entender suas reações, assim como sua fala. Haviam convivido tempo demais pra isso, não seria uma treta que iria parar isso. — Hmmm... Posso? — Perguntou apontando pro quarto, tentando manter contato visual direto com a mulher, apesar de não conseguir. “Prometo não demorar, pra te liberar e você fazer o que ia fazer.” Ditou o resto com as mãos, já que seria difícil demais manter a fala daquele jeito, pelo menos depois do acontecimento inesperado da porta.


    Última edição por Zionga em Sex Jul 03, 2015 2:33 pm, editado 1 vez(es)
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    Mensagem por Arthemis W. Sex Jul 03, 2015 7:34 am

    Por alguns momentos de devaneio, após despedir-se de Heike e vê-lo sair pela porta de seu quarto, ficou olhando a passagem fechada como se houvesse algo de muito importante nela. Quando na verdade, estava apenas pondo-se a refletir em tudo o que o loiro havia lhe dito naquele quarto, abraçado a si. Estava precisando parar de sentir pena de si mesma, arregaçar as mangas e fazer o que deveria ser feito ali. Certo. Na hora iria pensar algum jeito de encarar Zion e botar para fora o que precisava, além de escutar o que ele com certeza tinha a dizer também. Sozinha e se preparando para levantar da cama, sentiu-se ruborizar. As bochechas esquentando assim que um momento de reflexão a fez cair com a ficha finalmente, mesmo que já soubesse. Zion lhe retribuía os sentimentos...

    Aquilo lhe deveria dar mais coragem ainda, mas por alguma razão, encolheu-se no colchão de novo e afundou o rosto no lençol rosa claro, apertando o tecido com as duas mãos, como se aquilo fosse servir de algo em sua vida. Por Deus, ficaria vermelha 90% do tempo de frente para ele, se continuasse pensando naquilo. Levantou o tronco de súbito, com uma expressão zangada de determinação forçada, ainda com as maçãs do rosto absurdamente quentes. Você consegue, Arthemis! Afinal, a pessoa com quem trataria não era um estranho. Não tinha por que temer nada. Era não só um dos seus melhores amigos, como também era seu irmão de coração e, não é porque estava apaixonada por ele que começaria a temê-lo por timidez.

    Mas primeiro, precisaria tirar aquela roupa. Estava com ela desde que voltara da faculdade, deitara na cama e resolvera passar a tarde se lamentando. Aquela roupa estava carregada de sensações ruins, de lamúrias, de tristezas. Precisava tirar aquilo do corpo e se recompor. Um banho ajudaria, além de tirar do rosto o possível inchaço causado pelo tempo que ficara chorando.

    Sem mais delongas, ligou o chuveiro e se desfez do peso de todo aquele tecido que carregou durante o dia, sentindo-se bem mais leve embaixo da água corrente. Estava relativamente tarde para lavar o cabelo, mas não se importava mais com aquilo. Precisava sentir a leveza da água morna entrar pelos fios de cabelo e percorrer pela pele. Era como se estivesse lavando a alma. Não se distraiu muito com aquilo, logo saindo dali assim que terminara, tomando o devido cuidado de apenas pentear os fios prateados e secar com a toalha, prendendo-os lateralmente. Colocou um pijama confortável que gostava bastante, passando os dedos finos pelo rosto enquanto olhava para os próprios pés. É agora. Mordeu o lábio inferior, virando-se para a porta do próprio quarto como um sacrifício indo por conta própria pular do penhasco. O que poderia dar errado? Bom, poderia levar uma bronca por tê-lo feito sofrer por tantos anos não percebendo absolutamente nada do que ele sentia. Seria justo ele estar revoltado por esse motivo. Também poderia levar uma bronca por... Não é a melhor hora de pensar nisso, né... ? Sorriu, suspirando. Aquilo só a desmotivaria se continuasse.

    Abriu a porta com uma certa calma, pois sabia que dali não iria ter mais volta. Mesmo que não soubesse que fosse ser literalmente, por Zion estar ali, de frente para seu quarto, quase como um prêmio por ter passado de fase num jogo. Quase fechou a porta de novo, quase deu um fino grito de susto, quase sentiu os pensamentos perderem o rumo e quase esqueceu quem era ela mesma. Por fim, apenas quase. Sendo quem era, apenas arregalou os olhos e deixou os lábios entreabertos, encarando a figura do seu amado à sua frente, como se tivesse petrificado para sempre no mesmo lugar. Ao invés de sentir o rosto queimar, sentiu o corpo inteiro estremecer num calafrio imediato. Lembrou-se de voltar a respirar quando ouviu a voz embolada do ruivo e, se não tivesse a convivência, não teria entendido o que ele queria dizer.
    Moveu os lábios na intenção de responder, mas distraiu-se olhando-o. Não se lembrava daqueles óculos, talvez os outros tivessem realmente sido danificados por Heike. Queria elogiá-lo e dizer que ele estava lindo daquele jeito, mas não era hora. Agora que estava perto dele de novo, percebeu o quanto ele havia feito falta. Quis abraça-lo ali mesmo e dizer tudo o que sentia num trovão, não se importante se ele iria entender ou não. Mas precisava fazer as coisas da forma correta, então sorriu gentilmente, sem tirar os olhos dele, num suspiro de quem necessitava realmente se acalmar e parar de pensar em coisas desnecessárias. Prioridades existiam ali.

    Pode entrar, sim. — Abriu espaço para que o mais alto passasse e entrasse pelo cômodo que achou que não iria voltar tão cedo naquela noite. — Eu não... — A voz falhou e precisou pigarrear baixo, com a mão contra os lábios. — ... Não ia fazer nada de diferente disso. Mas você veio antes. — Fechou a porta num clique, que pareceu martelar sua sentença. Controlava sua respiração perfeitamente e assumia um semblante perfeitamente calmo, sentando-se na cama e convidando-o para fazer o mesmo ao seu lado, assim como fizera com Heike mais cedo. Entretanto, o nervosismo que havia sentido com o loiro parecia ter sido um treinamento apenas. A situação principal estava descompassando seu coração de uma forma que ela nunca havia sentido antes, até por nunca ter se apaixonado por alguém anteriormente e sabido lidar com aquilo frente a frente. Preferiu ignorar e esquecer o que havia sentido por Heike durante anos, aquilo não serviria de nenhum exemplo para o momento. Pelo contrário, serviria como exemplo para não ser seguido de novo. Mesmo sendo uma perfeita adulta, ainda era, por opção, completamente inexperiente com assuntos como aquele.

    Eu ia para o seu quarto agora. Queria me desculpar também e... Resolver tudo. Mas, você veio até aqui, então... Se quiser falar antes, eu vou escutar. — Queria perguntar se ele estava bem. Se ele havia se alimentado direito durante os dias que não se falaram. Havia tanto que Arthemis queria dizer, que decidiu não ser egoísta e dar o espaço para que o mais novo fizesse sua pronúncia. Achou que não iria ter coragem de encará-lo, mas era o oposto. Estava difícil de tirar os olhos dos esverdeados. “Se preferir assim também, fique à vontade.” Gesticulou, caso ele não estivesse com muita vontade de soltar a voz. Compreendia perfeitamente.
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    Mensagem por Zionga Sex Jul 03, 2015 2:32 pm

    Segurou a vontade de sorrir quando percebera a reação de Arthemis ser basicamente igual a sua. Mas não estava ali pra ser o bobão de sempre, pelo menos por alguns instantes ele tinha que ser um homem de verdade, sério, centrado e essas baboseiras todas que nunca havia gostado muito. Tinha que tomar a responsabilidade de seus problemas, ou dos problemas causado por sua burrice. Enfim, era basicamente isso que ele iria ser, tinha que enfiar na cabeça e espantar todas as vontades que tinha perto da albina.

    Sorrir só quando as coisas fossem resolvidas, assim como iria evitar ficar muito perto dela para não ficar com vontade de abraçá-la ou todas aquelas coisas espontâneas que faziam quando estavam juntos. Por isso – e muitos outros motivos – não conseguia focar a visão na figura feminina. Desviava sempre o olhar quando tentava e na maior parte das vezes, ficava encarando o chão. E certamente iria ficar assim até resolver as coisas, ou parte delas. Já que ele só iria se desculpar e ir embora, pra não ficar ali e magoar mais a menina.

    Adentrou o cômodo, mas ficou com certo receio depois, principalmente quando a mais velha fechou a porta. Nunca havia sido claustrofóbico, mas ali ele estava se sentindo como um. Foi então que percebeu não ter pensando em nada pra falar. Ou melhor, havia pensado, repensado, rererererepensado e não ido parar em lugar nenhum. A mesma coisa de não ter pensado em nada, convenhamos. Quando se lembrou de não ter pensado em nada, ficou mais em pânico do que já estava. Ficou mexendo nas próprias mãos com certo desespero, percebendo que elas suavam pra caramba. Era mesmo um bucha de primeira, cara.

    Como estava meio distraído pensando no que ia falar, parado igual um dos de paus, não percebeu o convite para se sentar. E mesmo se tivesse percebido, não iria se sentar. Estava nervoso demais pra ficar parado. Enquanto estava em pé, dava pra se mexer pra lá, pra cá e tudo mais, mesmo que ainda disfarçadamente.

    Entretanto quando Arthemis falou que queria se desculpar também, tudo que havia começado a planejar na sua cabeça pifou, bugou por completo. Como assim ela queria se desculpar? Balançou a cabeça em negação, mais para si do que pra ela. Estava confuso e agora tinha ido tudo por água abaixo mesmo, era melhor chutar o balde de uma vez por todas. Então finalmente encarou-a propriamente, balançando a cabeça novamente, só que mais sutilmente agora. “Você não precisa se desculpar por nada, tá louca? ‘cê não tem culpa de nada, tipo nada mesmo ‘Themis... Quem contribuiu pra toda a merda ter acontecido fui eu. Se eu não contasse tudo pro Harold, ninguém estaria sabendo de tudo. Acho que eu ‘tô tipo o Robin maligno do Batman maligno que o Harold é... Sei lá.” Gesticulou tudo com as mãos, pois assim as coisas saiam com mais facilidade e a mais velha não teria complicações em entender a fala nervosa, rápida e louca do ruivo.

    “Mas não foi por esse motivo que eu vim... Esse também, claro. É só que, eu queria tratar da outra parte do problema.”
    E então era seu fim. Lá estava um borrão de vermelho e laranja, que maravilha. Era só pensar na possibilidade de falar com ela sobre o assunto diretamente, que Zion virava um tomate. Mesmo que o assunto já tivesse sido revelado por terceiros. Não preparado, finalmente aceitou o convite de se sentar na cama, numa tentativa de se acalmar um pouco. “Eu só queria vir te pedir desculpas por não ter sido eu que te contei sobre meus sentimentos. Deve ter sido bem ruim ouvir sobre os sentimentos do seu irmão pelo outro irmão, ainda mais daquela forma nada delicada... Já deve ser chato um dos seus irmãos gostar de você, assim então. Mas, antes de qualquer coisa que você tenha pensado ou... Sei lá. Eu só quero que você não me trate de forma diferente por saber disso, okay? Antes de qualquer decisão sua, de qualquer coisa que você venha falar pra mim ou me informar... Não quero que as coisas mudem. Apesar de ser difícil, provavelmente. Ainda mais depois de tudo que Harold contou, sei que muita coisa não vai ser mais a mesma... Mas queria que pelo menos com você, as coisas não continuassem ruim como todo o resto.” Finalmente as mãos pararam de se mexer e mesmo não falando e sim gesticulando, o ruivo pode finalmente retoma a respiração que havia prendido sem perceber. Pronto, havia terminado a sua parte. Falou que iria ser rápido e foi, só esperava que a mais velha aceitasse tudo bem.
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    Mensagem por Arthemis W. Sex Jul 03, 2015 5:57 pm

    Observou atentamente o rapaz se mexer inquieto de um lado para o outro, vendo o quanto ele estava perturbando e pensando o que poderia fazer para deixa-lo mais tranquilo. Mas é claro que nada estava ao seu alcance, ao menos, naquele momento. Inícios daquele tipo de conversa eram sempre tensos e mesmo Arthemis, inconscientemente, havia apertado com força mais uma vez o lençol da cama com uma das mãos, colocando ali, entre os delicados dedos, toda a sua tensão e ansiedade, enquanto o resto do corpo repassava uma falsa estabilidade.

    As palavras iniciais do ruivo a fizeram expressar que não concordava de forma alguma com a forma de pensar dele, pois é claro que a culpa não era do rapaz. A confiança que ele tinha em Harold, confiança essa que ela também teve, poderia justificar a atitude de Zion. Eles sempre trocavam segredos, sempre se aconselhavam e sempre se ajudavam. Uma cumplicidade como aquela era mais do que suficiente para ser óbvio que Harold saberia de tudo que Zion soubesse e vice-versa. O mais errado ali fora o albino mais novo, que embora pudesse ter quaisquer dos seus motivos, ainda não tinha o direito de explanar a vida de ninguém para ninguém, pois não era da alçada dele. Era diferente. Eram intenções diferentes. Mas não discutiria... Não com o assunto que fora levantado em seguida.

    Inspirou profundamente uma única vez, como se nenhum oxigênio do planeta fosse suficiente para que conseguisse respirar como se deveria. Toda sua atenção focada nas mãos e nas expressões de Zion, que claramente ruborizava forte e quase como sincronia, Arthemis também corava em resposta. Mas o detalhe que lhe chamara mais atenção, a fez relaxar os ombros e certamente ter um momento súbito de clareza. Ele se sentia da mesma forma que eu... E pressionou os lábios um contra o outro, perdendo qualquer coisa que poderia dizer da mente ali. Não queria contar a ele do que sentia pois era sua irmã, mesmo que não tivessem laços sanguíneos de verdade. Tinha medo de que ele achasse esquisito e parasse de ter todo o apreço que sempre teve por si e por fim, sentenciasse a relação tão positiva que tinham um com o outro. Tinha medo de que confessar seus sentimentos fosse o fim para tudo o que construíram durante todos aqueles anos de convivência, dividindo tantas experiências. E no fim disso, ele tinha essa mesma insegurança, por um tempo muito mais longo do que ela.

    Infelizmente, provavelmente iria se atrapalhar com as mãos se tentasse gesticular naquele momento. Mesmo que fosse natural para si, sentia que seu corpo não iria lhe obedecer tão bem quanto gostaria se estivesse mais calma. Queria continuar transparecendo que estava bem, que estava tranquila e que estava sabendo muito bem aonde levaria toda aquela situação. Mas mesmo que soubesse do que teria de tratar ali, seus pensamentos estavam andando em círculos e não chegando a lugar algum, essa era a grande verdade.

    Como dizer a ele? Dizer que o entendia? Dizer que o entendia tão bem e que fora tão burra de não perceber absolutamente, quando todos em volta já pareciam saber e ela não? Como se desculpar de todo esse tempo tão próxima dele, sentindo necessidade de conter a proximidade apenas quando ela começou a sentir algo? E ele? Ele teve de aguentar isso durante todo aquele tempo. E aguentou quieto, a respeitando e agindo com toda a gentileza que era única dele e que era um dos grandes motivos de fazê-la se apaixonar sem que percebesse. Era injusto com ele. Precisava se desculpar sim.

    Eu... — A voz falhou de novo. Certo, seria difícil mesmo com o que lhe era mais confortável. A garganta ardeu no meio da pressão que sentia no estômago, as conhecidas “borboletas” inquietas. Passaria quando dissesse. Com certeza passaria. — ... É por isso mesmo que eu preciso me desculpar, eu... Eu não fazia ideia, por todo esse tempo. E, e você, digo, o quê você poderia fazer? Passamos tantos anos juntos, cuidando um do outro como se fôssemos do mesmo sangue... Eu nunca pensei que n-nó-... — Respirou fundo. Aquilo não estava funcionando. Acalme-se primeiro, Arthemis. Você não é boa em improvisação. Fechou os olhos e coçou a cabeça com as unhas, expondo pela primeira vez ali a própria aflição. Em seguida o encarou, recuperando a postura e recompondo a serenidade anterior. — Desculpe, eu vou começar de novo... Ignore. — E sorriu sem graça.

    Eu sei que é difícil, mas não sei o quanto foi difícil pra você durante todo esse tempo. Não... Não vou perguntar por que nunca me disse nada, pois com os motivos que me deu... Pra mim eles são mais do que suficientes. — Achou que depois daquilo, sua fala sairia mais tranquila, mas ela travou. Todo seu corpo travou. Os olhos acinzentados ficaram estáticos no rapaz enquanto o pensamento de sua próxima frase a fazia corar violentamente. E finalmente sentiu necessidade de olhar para qualquer outro canto do chão, enquanto esfregava os polegares dos pés descalços um no outro. O resto seria dito como quem estava pulando de um trampolim do céu para cair no chão duro. Nada mais importava. Precisava dizer. — P-porque... Eu s-sinto o mesmo... — E fechou os olhos com força. Continuou, forçando para que a voz não abaixasse tanto e ele pudesse ouvir bem, mesmo que isso a fizesse gaguejar. — E-eu percebi isso naquela vez que... Que nos reunimos no bar com o pessoal, se lembra? Que você machucou a mão... A-achei que você tivesse ficado com ciúmes do Rin, quando nos beijamos, e percebi que fiquei mais... Mais afetada do que deveria com a ideia de você, por um acaso, g-gostar dele... Aí caiu a ficha. Eu deveria ter sido corajosa pra falar por conta própria, mas as coisas precisaram chegar a esse ponto... Você não é o único... Que não conseguiu por ter esses medos...

    Por fim uniu as duas mãos por cima das coxas, apertando o tecido do short. Sentiu vontade de chorar de novo assim que as palavras foram saindo, mas conseguiu segurar, finalmente uma certa leveza lhe tomando conta, agora que colocara pra fora. Mas não estava satisfeita ainda. Precisava ser mais clara. Tanto para ele quanto para si. — Eu te amo muito, Zion. E não é mais como meu irmão, ou como meu amigo. Deixou de ser assim há tempos, mesmo antes de eu mesma me dar conta! Mas eu sou muito burra pra ter percebido e deixei você sofrer por isso durante todo esse tempo, além de ter entendido tudo errado antes! — Não iria chorar, não iria. Trincou os dentes e numa tentativa revoltada de não se permitir derramar mais nenhuma lágrima naquele dia, levantou-se em reflexo e deixou toda sua postura calma em cima do colchão. Jogou o corpo contra o do maior, passando os dois braços pelo tronco dele e afundando o rosto em seu peito, sentindo o cheiro que já estava com tanta saudade e logo se acalmando. — Desculpa... Me desculpa... — A vontade de chorar passara com o calor que sentia pelo corpo dele. Mas sentia que nunca seria capaz de pagar por aquilo. Talvez estivesse sendo egoísta por pular nele apenas para conter as próprias necessidades, mas acabaria chorando de novo se fosse apenas tentar se segurar sentada na cama. De uma forma ou de outra, Zion sempre foi um conforto para ela. Uma válvula de escape, um porto seguro. Estava sem ele há dias. Mas agora sentia que podia finalmente ficar tudo bem. Não podia?

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