[#18] Jogo da Garrafa - dez anos depois (carona)

Rin não se importava em dar uma carona para quem precisava, mesmo morando perto do bar; estava de noite e a segurança dos outros vinha em primeiro lugar. Quando a pessoa em que auxiliava era Lavi, no entanto, é claro que significaria que levaria o tempo para dar uma bronca no mesmo, e tentar botar – inutilmente – algum sentido naquela cabeça. Ele próprio não gostava da ideia do jogo, e os acontecimentos, enquanto poderiam ser culpados em cada um individualmente, tinha a fonte principal em seu calouro.

Entrara no carro e ligara o motor, esperando que sua companhia sentasse no assento do passageiro, respirando fundo ao pensar em como começaria. Para amenizar, vendo o quanto o mais novo fora vítima de uma violência quase justificada na mesa, decidiu checar o estado do mesmo. – Você está bem, Lavi? Sei que sua cabeça é dura, mas não ignore qualquer tipo de dor.

      Quando Rin lhe oferecera uma carona apenas aceitara, não estava completamente bêbado, mas não estava sentindo-se nada bem, tinha uma dor de cabeça lacerante, parecia que alguém havia colocado seu cérebro em um triturador de lixo defeituoso, isso sem falar as tonturas que sentia devido a dor intensa, só queria que fosse uma ótima noite e não um desastre, suspirou assim que sentou-se no banco do passageiro, também aproveitou para tirar mais alguns comprimidos da carteira e engoli-los a seco, os anteriores não chegaram nem perto de aliviar sua cabeça. 

        - Depende em que sentido. - Respondeu a pergunta do outro e ponderou por mais alguns instantes. - Mas acredito que eu não esteja bem em nenhum deles. - Deu um sorriso forçado para o outro. 

        Não é que estivesse fazendo drama, simplesmente não estava nem um pouco bem e não importava-se de dizer isso ao loiro, geralmente esconderia todo que sentia e falaria que estava ótimo e que aquilo não tinha sido nada, mas havia problemas ali e confiava bastante no seu veterano, ele era uma das únicas pessoas para quem geralmente se abria um pouco, não dizia muito, mas também não dizia nada. 

        Sabia que o residente não o entenderia completamente, os dois eram bastante racionais, mas Lavi ao mesmo tempo tinha uma carga intensa de sentimentos e emoções que não sabia lidar muito bem, mas tentava, já o loiro as vezes parecia sequer entender uma coisa simples de sentimentos, mas o que importava é que sabia que o outro não iria ridiculariza-lo ou diminuí-lo por não entender as coisas da própria mente ou coração algumas vezes.

Observava Lavi pelo canto do olho enquanto começava a dirigir pelas ruas. Ao ouvir a resposta do outro médico, franziu o cenho quase imperceptivelmente, em um pequeno sinal de preocupação. – Podemos ir até o hospital. Não acho que vá te curar em todos os sentidos, mas você sabe como dores cabeça funcionam. Precaução nunca é demais. – Tendo visto todos os golpes que o moreno recebera, imagina que aquela fosse a fonte maior de dor. Buscou em si próprio algum entendimento para começar a bronca propriamente dita, continuando.

– Eu sei que sua intenção foi só se divertir com o jogo. Mas a partir do momento que você não considera que quem está jogando pode não querer participar, ou acabar em situações desagradáveis por causa disso, a culpa acaba caindo sobre você. E com razão, especialmente com sua mania de provocação. Não que eles não tenham responsabilidades sobre as próprias ações, mas você também é um dos mais velhos ali, Lavi. Tente pensar um pouco, e talvez sugerir uma diversão menos... Polêmica, da próxima vez. Se tiver uma.